segunda-feira, 12 de novembro de 2012

O rei, o marquês, o escultor e o ilustrador (uns séculos depois)


Talvez já tenham reparado que a estátua do Terreiro do Paço está para obras.
Atrás dos andaimes e das telas de proteção, encontra-se D. José I, sobrevivente do terramoto de 1755 e autor de algumas das grandes reformas que modernizaram o país no final do século XVIII.



Os tapumes que cercam a estátua durante os trabalhos de restauro foram encomendados ao atelier Silva Designers e são ilustrados pelo Bernardo (Carvalho).
Durante este fim-de-semana tiveram lugar as primeiras operações de pintura, aplicada sobre a madeira através da técnica de stencil.




D. José passou à história como "O Reformador". Foi durante o seu reinado que nasceram o ensino primário e o ensino secundário, se reformou o ensino superior ou se inventou uma entidade chamada Real Erário, uma espécie de antepassado do Ministério das Finanças que permitiu —pelo menos até certa altura— controlar a gestão das obras públicas. 




No entanto, diz-se, o verdadeiro revolucionário foi o seu braço direito e ministro do reino, Sebastião José de Carvalho e Mello, mais conhecido por Marquês de Pombal. Foi ele o autor do plano de recuperação da baixa e quem encomendou a estátua equestre do Terreiro do Paço ao escultor Machado de Castro, um dos grandes nomes da escultura europeia do século XVIII.




Já agora, ficam a saber, para além de escultor, Machado de Castro gostava de escrever sobre os seus trabalhos. A acompanhar a escultura, redigiu um relato pormenorizado da execução da mesma, explicando os detalhes técnicos e até o modo como a estátua foi transportada até ao local. Este texto permite-nos, hoje, conhecer toda a história de fio a pavio.

Como diz o Bernardo (na Agenda Cultural de LX deste mês), com este trabalho conta-se "a história da estátua, desde os estudos preparatórios ao trabalho de engenharia da fundição; do seu transporte, feito numa zorra* concebida para a ocasião, até à festa da inauguração. No fundo é como se fosse uma mini banda desenhada sobre este acontecimento histórico".

Se passarem lá por perto, não deixem de espreitar.

 * carro baixo de quatro rodas, usado para transportar objetos pesados.

Agradecemos ao Ricardo Rodrigues as fotos que nos enviou, tiradas do "alto da sua bicicleta" este sábado à tarde.


3 comentários:

ana ventura disse...

Lindo! Tenho de lá ir tirar umas fotos. Parabéns.

miriam disse...

espectacular =) parabéns!
estou longe, terei de me contentar com as vossas fotos.

Baleia disse...

Muito bom!
Nunca o Marquês esteve tão lindo. E, com certeza, que nunca teve tanta gente a olhar para ele... ou melhor, na direcção dele.
:)

bjnhs!